terça-feira, 10 de agosto de 2010

De roupa floral.

Fiz bem em ter arrumado as malas hoje cedo. Me poupei da agonia e do estresse que sempre foi pra mim fazer as malas na última hora antes da viagem e das broncas de todo mundo, me agoniando pra eu não perder o trem. Joguei na mala tudo quanto era roupa que eu tinha, afinal, nunca se sabe como é o tempo nesses lugares malucos de outro mundo. Coloquei na mala bastante agasalho. Peguei os meus melhores cachecóis, e os casacos mais bonitos que eu tinha no guarda-roupa. Coloquei roupa de banho também, até sunga dessa vez! Coloquei um punhado de calças jeans e um bocado de camisas básicas, e também aquela minha velha flanela que você conhece melhor do que ninguém. Mas não se preocupe! Dessa vez eu fiz questão de, não só deixar o terno e a gravata de lado, como também de descê-los descarga abaixo, pra que não aconteça que nem da última vez, e eu acabe engolido pela aquela velha casca tosca.
Escolhi a roupa pra ir também, sabia? E antes era você costumava escolher as minhas roupas quando costumávamos viajar juntos! Parece que eu cresci um tantinho em todos esses anos, não foi não? haha. Mas escolhia muito bem, e eu tenho que admitir: Marrom ainda é a minha cor favorita, desde a nossa viagem com aquele seu casaco velho pra frança. Mas bem, eu acho que você não vai gostar do que eu escolhi pra mim dessa vez, é meio estilo floral, sabe? Uma coisa meio Califórnia de uns anos atrás, enfim: Um short branco, com flores tipo aquelas do céu do Bob Esponja, sabe? E tem também uma camisa, bom, na verdade 2 camisas: Uma de botão, azul escuro e com coqueiros, e por baixo vem uma camisa laranja que eu comprei nem sei pra que, mas pelo menos foi útil, haha. Estou indo de óculos escuros e de havaianas também. Confesso, estou esperando que por lá seja um barato só.
De bagagem de mão eu não levo nada. O velhaco lá falou que agente tem que se desprender de bens pessoais e um monte de outros blá blá blás lá que ele falou. Enfim, já que eu não posso levar nada, decidi que tudo fica pra você. Sim, tudinho. Quero dizer, algumas coisas eu perdi no meio dessa bagunça toda que o meu quarto virou quando aquela gaveta maluca decidiu se rebelar e jogar toda a papelada que ela guardava pra fora, me desculpe por isso, mas eu dou um jeito do que sobrou ficar com você, pode deixar.
Dei um jeito de colocar o meu violão também pra dentro do bagageiro. Coloquei escondido. Disseram que não podia, porque tecnicamente era bem-pessoal e blá blá blá, mas eu dei o meu jeitinho, um agrado ao maquinista resolve muita coisa. Eu dei um jeito também de esconder um piano e uma guitarra dentro do violão, afinal, física é uma merda mesmo, pra que obedecê-la? Que se explodam todos os niltons, e os Milton's também, oras!
Mas na minha cabine quero tocar só violão. Tocar um pouco de bossa-nova, um muito de rock'n roll, e compor. Compor de montão. Compor sobre sábados e feriados, sobre domingos de ressacas e sobre festas caprichosas. Compor sobre tardes em praias, sobre choros em baladas, sobre o mundo novo e louco que me espera do outro lado, e que me faz sorrir, e me deixa ansioso, só pra ir.
E a verdade é que eu vou amanhã mesmo, docinho. Vou com toda a bagagem debaixo do braço, e com todo o entusiasmo entre as pernas. E vou, mas chego mais cedo na estação e te dou um telefonema, tudo bem assim? Não falo assim por agora, porque eu prometi que ia deixar a tristeza só pra a despedida, lembra? Sem choradeira antes, e nem depois também, olhe lá! Te ligo amanhã, amoreco. Beijos do teu velho.

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