sábado, 5 de junho de 2010

E Termina.

E começa. Começa que é meu e só meu. Começa que eu pertenço a mim mesmo e a mais ninguém. Começa que eu me jogo do irreal para o real, das asas nos pés para os pés no chão, da filosofia para a física. Começa que eu, enquanto mente, música e poesia que sou, me jogo do alto de mim mesmo para um caderno recém-fabricado, colorido com preto e branco e com páginas de papel, e pra que? Pra que? - Eu me pergunto.
Pra te ver - eis a resposta - Te ver fora dos meus sonhos. Te ver fora da menina de cabelos negros compridos que gostava da mesma banda que eu. Te ver por si mesma, ver mais do que aquele sentimento louco que me deixava louco, e que me fazia cantar e dançar bem, mesmo que só uma música.
E não é que deu certo? Não é que te achei? Não é que te amei, te cantei e te deitei sobre meus olhos? Não é que foi contigo que criei todos os paraísos nos quais dançamos? Todas as ilhas desertas que nos beijamos? E mais, não foi contigo que - me orgulho em dizer - vivi o romance mais belo e furado de todos os tempos?
E não é que foi no nosso naufrágio que eu morri? Não é que meu caderno se perdeu no meio do oceano e que, ironicamente, desde que morri não consegui mais te dizer onde está? Porque no final das contas morto não fala, só assiste a sua própria história terminar por si só.
E termina. Termina que é seu e só seu. Termina que eu pertenço a você e a mais ninguém. Termina que me jogo do irreal para a fantasia, das asas nos pés para as asas nas costas, da filosofia para a minha (ou sua, chame como quiser) filosofia. Termina que a mente, a musica e a poesia se jogam do alto da pedra mais alta pro mar, pra você, pra a sereia bonita, com olhos feito pérola e cabelos feito anjo. E termina.

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